O que compõe a Comunicação Integrada?
Comunicação integrada vem sendo confundida com o ‘faz tudo’ da empresa. Não se pratica no mercado a visão do que realmente a compõe.
Tudo começa em um belo dia, no qual o Diretor reclama que o Evento estava vazio. Aí nós, nós mesmos, da Comunicação, falamos para ele: “fica tranquilo, a gente vai divulgar mais”.
Na manhã seguinte, o Diretor reclama que a Rede Social Corporativa está sem engajamento e nós, da comunicação, falamos “poxa, chefe, a gente tem então que escrever mais e melhor”.
No mês seguinte, sai a Pesquisa de Clima e Canais, e .. tchanan!!! A comunicação é detonada…o Diretor nos chama e nós falamos “Ah, Chefe, então, temos que criar um canal novo, o líder não deve estar com tempo de ler”.
Foram exemplos bobos, mas muito realistas que ouço há mais de 12 anos nos mais de 30 projetos de consultorias para médias e grandes empresas, nacionais e multinacionais que atuei.
Nesse sentido, precisamos repensar sobre nosso papel dentro das organizações e rever as práticas de comunicação organizacional.
A culpa é sempre mesmo da comunicação ineficiente?
Batalhamos, desde os anos 60 , com o avanço da estruturação da área, para nos forjar como área estratégica, mas, na ânsia de fazer tudo, acabamos por confundir ‘comunicação integrada’ , que é um esforço sinérgico para fomentar e fortalecer o relacionamento da empresa com seus stakeholders, com um ‘faz tudo’ e acabamos caindo na Síndrome do Comunicador – Herói.
O que é a Síndrome do Comunicador Herói?
É quando nós, internamente, assumimos que todos os problemas corporativos são de natureza e alçada da Comunicação.
A “Síndrome do Comunicador Herói” é um termo cunhado por Isabela Pimentel em 2021 e que se refere a um fenômeno em que indivíduos que trabalham em áreas de comunicação, como jornalistas, relações públicas e profissionais de mídia, se sentem compelidos ou forçados – por fatores organizacionais, da cultura ou do ambiente, a assumir a responsabilidade de resolver todos os problemas ou crises de comunicação que surgem. Isso pode resultar em sobrecarga de trabalho, estresse e impactos negativos na saúde mental.
Os comunicadores , muitas vezes , se esforçam para serem os “heróis” que resolvem todos os problemas de comunicação de suas organizações ou clientes, muitas vezes, trabalhando longas horas e assumindo uma carga de trabalho excessiva, em questões que vão além de COMUNICAÇÃO e dependem da GOVERNANÇA…
Isso pode ser particularmente desafiador em situações de crise, onde a pressão é intensa. Sabemos que além do papel individual, há empresas com culturas tóxicas e que promovem esse tipo de prática, além de gestores igualmente tóxicos que só focam em entregas, sem avaliar estratégia.
Para evitar a “Síndrome do Comunicador Herói” e manter um equilíbrio saudável na profissão de comunicação, é importante que os GESTORES E LÍDERES estabeleçam limites, pratiquem a delegação de tarefas quando apropriado, cuidem de seu bem-estar mental e físico, e busquem apoio quando necessário.
?Reconhecer a importância de uma equipe colaborativa e não assumir o fardo de resolver todos os problemas de comunicação sozinho pode ser fundamental para lidar com essa síndrome. Vamos priorizar e transformar esse cenário?
Confira nossa aula sobre o tema
Sendo assim, acabamos nos sobrecarregando! Isso acontece muito, mesmo que a gente não perceba…Quer ver?
É lindo ver times engajados, que ‘topam tudo’, aceitam o pedido de última hora, mas é tóxico:
- Abraçar mil funções sem investir na qualificação da equipe;
- Colocar uma única pessoa na agência ou no cliente para atender 18 contas importantes (a pessoa não vive);
- Dizer que o colaborador ´é operacional’ , quando, na verdade, a empresa não investe em mudanças de gestão;
- Achar que TODOS os problemas CORPORATIVOS são culpa da comunicação.
O que de fato compõe a comunicação integrada?
Não podemos confundir profissionalismo, vontade de somar e entregar com um heroísmo falso que está fazendo com que áreas de duas pessoas façam:
Eventos;
Marketing;
Relações Públicas;
Produção de Conteúdo;
Imprensa e influenciadores;
Comunicação com funcionários;
E 1000 atribuições novas todos os dias!
Nesse sentido, o comunicador precisa sim, saber projetos, prevenir e gerenciar crises, mas nós levantamos essa bandeira ou aceitamos ‘fazer mais e um pouco de tudo’?
Por hora, criticamos o mercado, mas temos buscado sair da nossa caixinha?
Há problemas na cultura, na Gestão e não apenas NA COMUNICAÇÃO. Lido diariamente com áreas que estão assumindo mil atribuições, na lógica do “manda no peito que é meu”. ‘Vocês conseguem fazer o líder estar em todos os eventos online’?, pergunta a diretoria.
‘Sim, a Comunicação pode tudo: ela engaja, colore, traz gente pro evento, resolve conflito de equipe, melhora cultura e problemas de gestão’.
A confusão entre ser INTEGRADO e fazer tudo: origem da visão tóxica
Apenas pare! Essa cultura tóxica de que a comunicação resolve tudo precisa parar! Comunicação não é o alecrim dourado.
É uma disciplina dentre tantas outras de GESTÃO: qualidade, projeto, escopo, custos, recursos humanos. Mas, quem quer pensar em gestão?
Visão integrada da Comunicação
Precisamos trabalhar com pessoas, processos e especialmente a GESTÃO!
Assim, a comunicação, claro, será muito importante, mas o comunicador herói, que acha que a arte, o brinde ou o evento planejado em cima da hora resolvem TODOS os problemas da organização tende apenas AO CANSAÇO e ao castigo operacional, como diz Rosângela Florczak
Na gravação do podcast da Patricia Brito Teixeira conversamos muito sobre isso: temos que PARAR de oferecer ações táticas como respostas para QUESTÕES ESTRATÉGICAS.
Vamos ser menos heróis e nos unir mais às outras áreas para trabalhar gestão?
Mas, como fazer isso?
- Buscar conquistar um relacionamento com as áreas de gestão diariamente;
- Parar de encarar a comunicação como apenas um atributo da área. Sim, sabe o conceito de Qualidade? Ela é de todos, não apenas do Setor de Controle e Garantia de Qualidade;
- Estabelecer critérios de priorização para demandas, tendo como foco a sustentabilidade dos negócios, clima organizacional e relacionamento com públicos estratégicos;
- Aprender a dizer não;
- Envolver, em todos os Projetos de Comunicação, áreas de interface (somos uma disciplina integradora, lembra?);
- Apresentar a´área e seu escopo pelo viés estratégico, cumprindo o ‘beabá’, mas focando em ações de médio e longo prazo;
- Tangibilizar para a gestão, com metodologias de riscos e projetos (Gravidade, Urgência e Tendências – Matriz GUT) que focar no operacional levará a área à ruína;
- Estudar, não somente comunicação, mas disciplinas de Gestão, Projetos, Processos, Riscos, Crises, Compliance – Não é sair do foco, é agregar e ser mais gestor!;
- Entender muito sobre a área em que atua, para saber dialogar no mesmo idioma da Alta Gestão;
- Deixar de bancar o herói, assumir as reais condições e vulnerabilidades da área e ter um diálogo aberto sobre a transição necessária.
Como tem sido na sua empresa?
Comente aqui! Vamos ser mais gestores e menos ‘comunicadores heróis’?
Muito obrigada aos professores, consultores e alunos que seguem nessa missão comigo!
Texto: Isabela Pimentel – Jornalista, Historiadora e Especialista em Comunicação Integrada
Imagem: Divulgação
Gostou do texto?
Então, se gostou do texto e acompanhe nossos conteúdos estratégicos, assine nossa newsletter para receber dicas de #Estrategia e #planejamentodecomunicacao todo mês.
Por isso, aprofunde ainda mais seus conhecimentos em planejamento de comunicação integrada e gestão de projetos na Formação Completa.
Assim, acompanhe também as aulas estratégicas toda quinta em nosso Youtube.
Confira também as etapas do planejamento de comunicação integrada
Você também pode gostar de:
Categorias do Blog
Materiais Educativos
A partir da nossa expertise em Planejamento de Comunicação, Estratégia e Gestão de Projetos, desenvolvemos diversos materiais educativos para sua empresa.