Tipos de fluxo de comunicação
Tratado como “algo que foge ao oficial”, o boato faz parte dos sistemas simbólicos das organizações, ou seja, sua cultura e imaginário, convivendo ao lado das práticas normativas e políticas institucionais. É preciso entender mais sobre esse e outros tipos de fluxo de comunicação nas empresas.
Então, precisamos entender que junto de todo discurso oficial, existem as chamadas redes informais, paralelas ou não – oficiais de comunicação, o famoso Ouvi Dizer , que dá título ao meu livro. Existem, assim, diversos fluxos de comunicação nas organizações, para além dos oficiais.
Passando dos funcionários com mais tempo de casa para os novatos, ou vice-versa, os boatos afetam as percepções dos times a respeito das organizações, podendo, até mesmo, provocar crises de imagem e reputação.
Os boatos, em geral, resistem como um repositório da espontaneidade dos elementos da cultura e do universo simbólico, indo de encontro aos comunicados e fluxos oficiais por onde é canalizada a estratégia corporativa.
Tipos de fluxo de comunicação
Para Roman (2001), um dos grandes estudiosos dos ruídos no ambiente de trabalho, os boatos são considerados pelas organizações os elementos não-ditos ou malditos, que convivem e disputam sentido com os bem-ditos, ou seja, os discursos institucionais planejados.
Assim, fica notória a relação entre o boato organizacional e as camadas da cultura não oficial, seu universo simbólico e como forma de resistência à estratégia corporativa.
Como reduzir os ruídos com melhoria dos fluxos?
Ao longo dos mais de 30 de projetos de consultoria em que atuei, ouvindo pessoas, estudando a cultura organizacional e tentando aprimorar as práticas de comunicação e tornando-as mais efetivas, humanas e estratégicas, comecei a encarar os boatos não como “falta de comunicação”, mas como a ponta do iceberg para a existência de processos de comunicação rígidos, oficiais e que não dialogam com a cultura, rotina e vida real das pessoas que atuam naquela organização.
Como os boatos representam uma camada da cultura não- oficial? Como esses “burburinhos” ajudam a preservar a identidade organizacional e a formação da memória?
Haveria alguma relação entre o boato e a dificuldade de aderência da estratégia que é planejada no cotidiano das equipes? Essas perguntas têm norteado meus desafios e de tantos outros gestores de Recursos Humanos, Comunicação, Marketing, Compliance etc.
Muito mais do que “culpa da incomunicação”, da má comunicação ou de uma falha, a existência do boato também pode estar relacionada ao grau de credibilidade, confiabilidade e segurança que a fonte da informação transmite ou não a seus destinatários.
A existência de boatos poderia estar relacionada ao processo de “silêncio organizacional”, ou seja, a empresa tenta evitar abordar temas sensíveis e complexos, imaginando que irão, por si só desaparecer, ou, faz um esforço informativo e superficial para ‘calar’ o tema de uma vez por todas, confundindo INFORMAÇÃO e COMUNICAÇÃO.
Precisamos abandonar essa visão fragmentada do gerenciamento e a prevenção de boatos (focando apenas o viés da comunicação), de forma a munir as empresas de um sistema integrado, não somente durante crises de imagem e reputação, mas, antes delas, por meio de um trabalho preventivo, focado na cultura e no desenvolvimento dos times e das lideranças.
Esperamos que tenha gostado desse conteúdo especial!
Conheça mais sobre comunicação integrada em nosso curso de Formação Completa.
Texto: Isabela Pimentel
*Jornalista, Historiadora e Especialista em Comunicação Integrada
Imagem: Divulgação
Você também pode gostar de:
Categorias do Blog
Materiais Educativos
A partir da nossa expertise em Planejamento de Comunicação, Estratégia e Gestão de Projetos, desenvolvemos diversos materiais educativos para sua empresa.