Jornalismo envolverá (muitos) dados
Big Data é um dos queridinhos do momento, seja na imprensa especializada, ou nas mídias sociais. Com volumes cada vez maiores de dados para processar, as empresas precisam estar mais atentas ao que falam da sua marca e ter um olhar estratégico sobre as informações.Felipe Grandin, diretor da E&P Brasil, destaca que o uso de ferramentas de monitoramento e análise de dados é fundamental para entender a dinâmica das relações nas redes sociais, o impacto e alcance dos fatos.
São também relevantes para o gerenciamento da própria atuação dos jornalistas nas redes. Ele reforça que as técnicas e ferramentas de monitoramento, análise e visualização de dados provavelmente são as mais vitais para a atuação das empresas nas redes sociais.
Grandin considera que nem sempre a audiência e a resposta dos leitores e consumidores são o mais importante na produção jornalística.
“Não é possível fazer muita coisa sem entender bem o funcionamento de cada rede, ter um mapeamento eficiente do público que se quer alcançar, dos influenciadores, monitorar o que está sendo falado sobre a empresa”, enfatiza.
Ele acredita que o principal papel do jornalismo de dados nos dias de hoje é ajudar as pessoas a encontrar sentido na enorme massa de informações que recebem a todo tempo.
“ O volume de dados que produzimos e a que somos expostos cresce exponencialmente a cada dia. A variedade e quantidade de fontes também. A tarefa do jornalista de dados é menos divulgar e interpretar as informações do que dar as condições para que sua audiência consiga compreendê-las.
“O jornalismo de dados é também o jornalismo tradicional em um novo ambiente. Quase tudo o que fazemos atualmente gera bases de dados digitais, que são extremamente valiosos para a compreensão do mundo em que vivemos. Se não tivermos as ferramentas e o conhecimento para entender essas informações, seremos facilmente manipulados por qualquer um que tenha”, justifica.
Um caso de sucesso se destaca pelo uso inteligente do jornalismo de dados. O Prêmio ExxonMobil, maior de jornalismo do Brasil, foi concedido a um projeto de jornalismo de dados ano passado, a “Farra do Fies”, do Estadão, que investigou os gastos do governo federal com o Financiamento Estudantil (Fies).
“A partir da análise e cruzamento de grandes bases de dados públicas, os repórteres revelaram problemas graves e desvios no programa. Uma fonte de bons casos de sucesso é a premiação anual ‘Data Journalism Awards’, da Rede Global de Editores. Particularmente, gosto muito do projeto ‘Dollar for docs’ (https://projects.propublica.org/docdollars/), da ProPublica. Eles compilaram uma montanha de dados e conseguiram mostrar quanto cada médico recebe da indústria farmacêutica. Dá para buscar pelo nome. Pena que é só nos Estados Unidos”, conta.
Para quem tem interesse no assunto, ele indica alguns caminhos para iniciar os trabalhos em jornalismo de dados:
– Para as funções mais básicas de manipulação de tabelas e gráficos, o Google Docs é uma ótima opção.
– O Open Refine é muito bom para limpar e corrigir erros em bases de dados.
– O Tableau é muito versátil para visualizações e tem uma versão gratuita.
– Recomendo a leitura do Manual do Jornalismo de Dados (http://datajournalismhandbook.org/pt/) para qualquer um que esteja interessado no tema.
– A Escola de Dados (http://escoladedados.org/) também faz um trabalho muito interessante de treinamento e divulgação dessas práticas.
– O Knight Center, da Universidade do Texas (https://knightcenter.utexas.edu/) oferece muitos cursos gratuitos.
– A Abraji (http://www.abraji.org.br/) é uma referência nessa área aqui no Brasil.
Texto: Isabela Pimentel
Imagem: Getty Images
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