Fake news: dicas e softwares para identificar
Fake news não é algo novo. A popularização das redes sociais digitais facilitou o compartilhamento de notícias e transformou o cidadão comum em potencial produtor de conteúdo, bastando apenas ter acesso a um dispositivo móvel conectado à internet. Mas, por outro lado, outro fenômeno ganhou maiores proporções: a difusão de boatos.
As redes sociais passaram a fazer parte do cotidiano dos leitores, sendo utilizadas especialmente para troca de informações, muitas vezes, em substituição aos veículos de comunicação tradicionais (RHEINGOLD: 1993).
Cresce o compartilhamento sem checagem
Essa enorme quantidade de dados circulando na web, disponíveis a um clique, nem sempre é devidamente checada. Tal fato é reforçado por um estudo recente divulgado pela Nature, em que se afirma que o alto volume de informações nas redes sociais, associado à limitada capacidade de absorção dos conteúdos, têm contribuído para a proliferação de boatos e notícias falsas no ambiente digital.
Considerada “a mídia mais antiga”, os boatos tiveram, com a chegada nas novas plataformas de comunicação e informação, seu alcance potencializado, não apenas entre grupos próximos, mas para além das fronteiras.
Fake news em cascata
Ocorre que o compartilhamento não é algo isolado, pois estamos em rede e somos vulneráveis. Para Recuero (2007), a opção “compartilhar informação” disponível nas redes sociais comprova a importância da influência que os participantes das redes de contato têm: o que um compartilha acaba sendo percebido como de valor e importante para os demais membros da rede, grupo ou página.
Kleinberg e Easley (2010) denominam“cascata da informação” o fenômeno através do qual indivíduos influenciam uns aos outros, proporcionado pelo efeito de circulação das notícias, em determinados grupos, gerado pela imitação.
Redes sociais como fonte primária: cadê a checagem e confronto de fontes na apuração?
No Brasil, depois dos portais online de notícias (69%), a timeline é segunda fonte de informação jornalística principal para 43% dos internautas. De acordo com estudo divulgado em fevereiro de 2017 pela CNT/DMA, 80% dos brasileiros acreditam no que lêem nas redes sociais, sendo que 12,4% dessa informações chegam através do Facebook.
Outro dado interessante, da Pesquisa Consumo de Notícias do Brasileiro revela que 42% dos entrevistados assumiram já ter compartilhado alguma notícia falsa em sites de redes sociais.
Apenas 39% declararam ter o hábito de checar informações antes de repassá-las adiante. É nesse contexto de viralização de mensagens e produção de conteúdo por múltiplos emissores que a detecção de rumores e identificação de suas origem desafia o trabalho dos profissionais que lidam com redes sociais, especialmente devido aos potenciais impactos que essa dispersão pode trazer para a imagem e reputação institucionais.
Softwares podem ajudar na checagem das fake news
Alguns softwares e sites, como o Botometer, desenvolvido pela Universidade de Indiana, ajudam a identificar perfis fakes no twitter, pois, por diversas vezes, tais boatos são disseminados por perfis que são , na verdade, bots.
Outra ferramenta que mostra bem a difusão de boatos e cascatas de informação é a Hoaxy. O bacana é que ela já traz o grafo que representa tais interações e difusão entre os atores na rede.
Confira algumas dicas para identificar as fake news e boatos, que tem sido muito compartilhadas nas redes sociais:
1- Cheque a a fonte da informação: essa publicação saiu em outros sites?
2- A entrevista contém fontes confiáveis?
3- Quem deu as declarações? São autoridades no assunto ou perfis fake?
3- Analise o site: esse canal costuma publicar notícias assim, para conseguir likes?
4- Há fontes de apoio que confirmam o que a notícia diz?
5- Verifique a data de publicação: é algo novo ou um boato requentado?
6- Consulte especialistas: procure uma confirmação de profissionais da área;
7- Boatos têm tom alarmista e começam com palavras como “Alerta” , “Atenção”, “Urgente”, geralmente grafados em caixa alta (maiúsculas);
8- Nessas notícias, falta de referência temporal clara (não é possível saber de quando são os dados da notícia);
9- As fontes e os entrevistados estão ocultos no texto?
10- Notícias fake e de sites sensacionalistas geralmente possuem erros de português;
11- Há link ou citações às instituições científicas?
12- Há indicação das pesquisas que foram usadas para embasar a reportagem?
CHEQUE ANTES DE COMPARTILHAR! VAMOS LÁ?
Texto: Isabela Pimentel
*Jornalista, Historiadora e Especialista em Comunicação Integrada
Imagem: Divulgação
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