Cultura do instante: estamos gerando conhecimento?
Há um tempo, tomei uma difícil decisão: abandonar algumas redes sociais e focar apenas nas que considerava mais alinhadas a meu perfil e área de atuação. Gostava muito do Instagram, mas de um certo tempo para cá, comecei a refletir se era ali que eu iria conseguir “traduzir” o que realmente queria compartilhar.Ando pensando muito sobre o uso que estamos fazendo das redes sociais e me espanto como até mesmo o LinkedIn vem se tornando palco de postagem de autoelogio, histórias fantasiosas em trocas de likes e visualizações. Vale a pena “vender” a alma e expor sua reputação, em troca de uma clicada?
Entre moments, stories e tantas outras ferramentas que a maioria das redes sociais incorporaram, vivemos a celebração da “cultura do instante”. Entre minhas tantas reflexões, cheguei a uma: será que esse tempo que estou dedicando a fazer uma “live” não está roubando minha atenção e prejudicando a possível cobertura mais aprofundada do evento? Podemos até crer no perfil multitarefa, mas será que conseguimos processar tudo que fazemos ao mesmo tempo? Como vou compartilhar o que aconteceu no evento se nem eu mesma estou, de fato, ali presente?
E nessa cultura dos conectados e desatentos, já diria Kotler, as marcas têm que se esforçar muito mais para tocar o coração dos consumidores e conseguir o bem mais precioso: um minuto de atenção. Entre flashes, anúncios, posts patrocinados e pedidos de likes, o que fica, de fato, para o próximo do que fazemos e estudamos?
Foco no conhecimento
Não digo que não devemos compartilhar o que fazemos ou os eventos que vamos. O problema não é a tecnologia, nem as redes sociais, e sim o uso que estamos atribuindo a elas. Que tal substituir esse compromisso de ficar online e fazendo uma live da apresentação toda, por uma presença atenta de alguém que está ali para compartilhar ao máximo aquela experiência com os que não tiveram condições de ir?
Muito mais do que mudar de hábitos, é também desfocar do “eu sou ISSO – estive aqui – estarei logo ali -COMPRE MINHA CONSULTORIA” para centrar no “estive presente – aprendi – e agora COMPARTILHO”. Saí, então, do Instagram e nem nunca entrei no Snapchat, pois não achava que meu dia teria tantos “moments” assim, e nem queria desfocar minha atenção da geração de um conhecimento de longo prazo para divulgar apenas a vaidade de dizer que estava em determinado palco ou evento.
Na economia da atenção, termo cunhado por Herbert Simon, vemos uma avalanche de informações, em contraposição à queda na capacidade cognitiva de processamento de tantos dados. Olha aí o Big Data! Se não entendo tudo que estou assistindo nesse evento, como vou compartilhar depois? Quem me conhece pessoalmente ou me acompanha aqui, sabe o quanto prezo por práticas de compartilhamento de saberes e novos conhecimentos.
Então, que tal nos centrarmos no presente e extrair o máximo do que estamos fazendo-vivendo-lendo-assistindo-construindo AGORA e deixar de lado a vaidade e pensar mais no compartilhamento? Pode ser um caminho para levar conhecimento a outras pessoas!
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Texto: Isabela Pimentel
*Jornalista, Historiadora e Especialista em Comunicação Integrada
Imagem: Visual Hunt
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