A ciência, de coração aberto
Comunicação e Ciência deveriam andar juntas. O jornalista e o cientista. Um querendo saber de tudo, decifrar e divulgar para o mundo.
O outro, por vezes, age de maneira discreta, com medo do que a mídia vai veicular sobre a sua pesquisa, especialmente, se os resultados ainda forem parciais.
Nesse sentido, nenhum dos dois está errado e cada um tem seus medos e dilemas, seguindo sua ética profissional.
Como fazer comunicação da ciência?
Mas, o que fica cada vez mais óbvio é a importância de tirar a ciência dos galpões das universidades, dos recônditos laboratórios e dos infindáveis protocolos.
Decerto, é necessário, para termos, de fato, uma ciência aberta, que a mesma fale, não apenas de métodos, mas que toque no aspecto humano da pesquisa e seus impactos para a sociedade. De fato, precisamos de uma mudança de paradigma.
Etapas da comunicação da ciência
Dessa forma, o jornalista que trabalha com ciência não pode querer “traduzir” o que leu em um paper e nem pode o cientista resguardar seus dados com medo de que eles sejam publicados de maneira incorreta.
O jornalista de ciência deve, antes de tudo, focar-se mais nos resultados e nos impactos que a pesquisa trará para a vida de determinado grupo social do que para o currículo do cientista:
Deve ver o cientista muito mais que como um mero pesquisador, mas sim, como um ser humano, que tem medos e cuja subjetividade influencia no objeto pesquisado.
Aprimorando a comunicação
Assim, a divulgação científica não pode ser vista como tradução de métodos para a linguagem leiga, deve, antes de tudo, referenciar as condições sociais de desenvolvimento da pesquisa, o contexto, cenário, desafios e, também, os dilemas e contrariedades que traz em si.
Portanto, uma ciência aberta precisa de um jornalista de coração aberto para encarar a ciência como além do que aquilo que é praticado pelo cientista.
Invista em ciência e jornalismo cidadão
Como disse o jornalista Carlos Fioravanti recentemente, em uma de suas belíssimas reportagens:
“Ppara fazer um trabalho abrangente, os pesquisadores têm de sair do laboratório, colocar uma roupa de estrada, viajar para lugares inimagináveis, conhecer os hábitos e os silêncios dos moradores do interior do país e buscar informações em outros espaços”.
É deste caminho das pedras que falo para ter uma ciência verdadeiramente humana e social, na qual o jornalista não tema divulgar as incertezas da pesquisa e o cientista não se sinta inseguro de não ter nos resultados de seu trabalho verdades incontestáveis.
Texto: Isabela Pimentel
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